quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ter um filho saudável

Durante a gravidez, há medos que se apoderam de nós. E damos mais valor que nunca à expressão que sempre ouvimos "que seja perfeito e saudável". Devido a más experiências anteriores (e aqui ser médica e ter muito mais noção das coisas não ajuda em nada!!!), eu tentei viver a minha gravidez passo-a-passo. Tentei gozá-la um dia de cada vez, principalmente no início. Ver o coração a bater foi das maiores emoções que já tinha tido, mas, ainda assim, decidimos conter-nos e a notícia só seria dada depois das 12 semanas. E foi! E, também no dia em que comemoramos as 12 semanas, fui comprar-lhe o primeiro babygrow, que usou mal nasceu. E foi uma alegria! E houve muitos sorrisos e lágrimas à mistura.
Mas, às 12 semanas, veio o rastreio do 1º trimestre (medo! muito medo!). Até lá, eu só queria antecipar tudo e, em cada eco, ver ossos do nariz e tentar perceber se a translucência da nuca tinha medidas correctas. Parecia tudo normal, mas só na ecografia-a-sério, feita por um perito no campo é que relaxei (mas só um bocadinho...). E um bocadinho porquê? Porque para completar o rastreio, faltava os doseamentos hormonais! Fiquei feliz da vida, quando as probabilidades para alterações cromossómicas eram mínimas, mas lá está... probabilidades.. valem o que valem, não é verdade? Mesmo assim, suspirei de alívio, porque não tive que tomar uma decisão maior: fazer ou não fazer a amniocentese. Na altura dizia (e continuo a dizer), com todas as letras que não, não ia fazer. E não porquê? Porque para que é que se faz amniocentese? Para, se houver alterações, poder interromper a gravidez. Mas, eu, alguma vez, iria interromper uma gravidez??? Fosse lá pelo que fosse, NÃO! (É claro que tudo isto é um discurso de quem não passou por um rastreio positivo, e, claro está, que só quem passa por tudo isto na pele é que sabe...).
Passada esta barreira, veio a barreira da ecografia morfológica. Um frio no estômago enquanto esperávamos, mas, graças a Deus!, tudo aparentemente normal. E, claro que é maravilhoso ver tudo, ouvir todas as explicações, e entender que, pelo que se podia constatar, estávamos perante um bebé normal. No entanto, normal do ponto de vista ecográfico, ou seja, há sempre espaço para uma pulga atrás da orelha: pode não se ver tudo na ecografia. 
Depois desta ecografia, confesso que consegui relaxar muito mais. Não que os maus pensamentos fugissem por completo (era bom!!), mas estava muito mais tranquilizada e, quando me vinha à cabeça alguma ideia menos boa, afastava-a rapidamente.
Durante toda a gravidez, tive 9840148109 cuidados. Às vezes, até olhava para mim e pensava que devia estar louca: ou porque me lembrava que tinha posto um creme com ureia nos pés uma vez, ou porque tinha comido ervas aromáticas que vinham no sushi e que "é agora que vou contrair a toxoplasmose"!. Ainda assim, lá conseguia afastar estas coisas más, pensando noutras bem melhores.
Quando o parto se aproximou, claro que não ficou tão fácil assim. Estava cada vez mais perto e a ansiedade não ajudava nada. Se por um lado sempre quis passar por um parto eutócico e quando me foi proposta a cesariana fiquei triste, logo logo me consolei pensando que pelo menos ele não ia sofrer: pelo menos ficar preso num canal de parto -não-sei-quanto-tempo e ter danos devido ao cordão umbilical à volta do pescoço estavam excluídos. Mas, estaria tudo normal? O pediatra deve ter achado que eu era tolinha quando, no meio daquela confusão me veio dar os parabéns e eu só lhe perguntei "e o APGAR?". O que é certo é que, mais uma vez Graças a Deus!, o I nasceu perfeitinho como eu sei lá, lindo e igual ao pai. Com tudo direitinho direitinho e na conta certa. Berrou alto e a bom som e agarrou imediatamente numa das pinças (e ouvi logo um "vai ser médico também!") =). 

E, até agora não nos podemos queixar. Só rezar e agradecer por tudo o que temos tido.

E se já me arrepiava quando sabia de alguma criança que não tinha tido esta sorte, agora agarro-o e cheiro-o e beijo-o e levanto os olhos para o céu e só digo "Obrigada, Meu Deus"...

4 comentários:

elsacardoso disse...

Parabéns, Cátia por este belo texto :) Às vezes,o facto de ser médica e estar em contacto com crianças menos saudáveis também pode contribuir para essa sensação de medo ...

Cátia Gandra disse...

Obrigada, D. Elsa :) Mas, infelizmente, acontecem coisas más muitas vezes e nao é só por ser medica que as vejo.. Por isso é que só posso mesmo agradecer a Deus todos os dias!

a Tal disse...

Cátia, sinto cada palavra que escreveste.
Acho que é incontrolável o desejo de que o nosso filho seja perfeito e saudável para que tenha todas as oportunidades na vida. Porque ele tem esse direito...
Sinto uma responsabilidade de gigante por ser neste momento o mundo do meu filho.
No meu caso todos estes sentimentos e ansiedades persistem...
O homem da minha vida está para chegar :)

Cátia Gandra disse...

Está mesmo mesmo a chegar, nao está? Para quando está previsto o parto? Vai correr bem, vais ver! Beijo grande e outro maior no Baby S!! :)))

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